domingo, 20 de setembro de 2009

Domingo


Claro que não era fácil... Como poderia ser, se tornar? Eu jamais cometeria tal assédio, tal falcatrua para promover aquela dificuldade múltipla, sem fim...
Os dias estavam vagando frente a mim. E antes que eu pudesse entender, ou pelo menos tentar de fato, as coisas fugiam, se largavam entre os meus olhos, o meu nariz, a minha boca entreaberta e suja de biscoito de abacaxi com hortelã.
Custei a pegar o sono de volta pra mim. Custei muito a querer dormir.
Não havia mais espaço só pra mim na minha própria cama... Eu agora dividia meu travesseiro com as dores, as preocupações e as injustas angústias que ocupavam parte daquele algodão recém lavado, cheirando a amaciante bom.
E estava pesado pensar nas mesmas coisas, nas mesmas dúvidas e questionamentos.
Me pesava muito ter de inventar desculpas pra mim mesma. E só assim seria possível eu não me desesperar, não gritar mais do que o meu pensamento pedia.
Corri kilômetros e de nada adiantou. Permaneci na mesma velocidade de antes, de agora... Meus pés nem sequer doíam mais, nem calos possuíam, nem as cicatrizes eram visíveis daqui.
A chuva da madrugada, tímida e magra, nem chegou a molhar minhas janelas...
Me dóia isso. E como me dói.
Lutei pra andar por aí, sem viajar muito, pensar demais. Eu só quis sair do mesmo lugar, somente esse luxo me fascinava.
Perdi tempo, cabelos, corpo.
Recebi o que ninguém me daria tão fácil, generosamente.
Mas recebi.
E ainda está nas minhas mãos.
Foi pra lá. Está longe de novo.
E de novo?
Domingo malvado.
Domingo, vá embora!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Memórias e constatações.


Mesmo querendo inconsequentemente que as coisas se encaixem nas minhas caixas, de papelão sim, eu não enxergo mais que dois motivos para não ser compreendida. Dois meros motivos bobos e estampados descaradamente em meu rosto, neste exato momento.
Não é um escândalo que quero de você. Eu seria, e sou, incapaz de desejar algo assim, tão aos 4 ventos suicidados.
Gostaria muito de poder ter mãos dadas, ou quem sabe um simples sorvete mais demorado ali naquela sorveteria tão perto de minhas janelas.
Quem sabe um volta pelas ruas na madrugada???
Mas não é luxo querer tanto.
Não paro de imaginar como seria. Como será já não posso ver, você me impede, impiedosamente.
Mas sinto tantas coisas tombando, atropelando, afastando... e todo esse gerúndio não te diz nada? Olhe com mais apreço... Vamos...
Ingenuamente eu esperei o portão abrir, os ventos soprarem minhas janelas e portais, o computador acender mais cedo que o de costume. Mas eu só esperei... Fingi que não estava aqui, que não estou, e nem poderia ficar. Mas cá me encontro, no mesmo lugar de sempre, de sempre mesmo.
Os cantos de cá são os mesmos. A poeira é outra, as cores mudaram um pouco de idade e as quantidades diminuíram com as decisões tomadas a ferro e sangue, latentes todos.
E quem poderia me abrir os olhos a ponto de fazer-me calar em um todo?
Nem mesmo minhas mãos obedecem, quem dirá essa boca quase maldita que carrego.
Sinto dores enormes, dores de dentro pra fora... Nada tão físico quanto parece, ou poderia ser. Nada que mate de fato, mas dói como o que.
E você, aí está você, a metros de mim, a kilômetros insensatos da minha cama, do meu travesseiro ensopado e... coitado do meu travesseiro.
Já nem aceito os lençóis das cores cinza e branco com amarelo perseguindo meus sonhos alheios.
Todos curiosos. Curiosos por demais com minhas premonições ou insanidades...
Só queria as mãos dadas, conversando entre si e somente entre si.
Queria pousar minhas unhas cheias de dedos nesses teus cabelos, no teu rosto que já esteve mais perto, bem mais perto do meu não querer.
Tudo o que mais desejo neste exato instante inconstante, é o ruído de um 'sim' improvável, incerto, incapaz, incalculável, cego e infeliz.
E já chega, não é?
Já está bom.
A espera não termina, nem os sonhos se afastarão, muito menos eu mudarei de cor.
Sei de cor o que eu tenho pra lhe dizer quando aqui estiveres novamente.
Mas e se eu esquecer o de cor?
Você saberá, dá pra ver!!!

Quiçá um bis.