quinta-feira, 21 de junho de 2007

E agora? O que tem pra hoje?


Sabe que noite passada fora agradabilíssima? Pois é, minha periodicidade no teatro continua a todo vapor, eu diria que estou em pauta.
Ainda há um estranhamento com todo este mundo do "bem visto" e da cobrança em relação a isso, mas creio que me fazer presente vai bem além das cócegas na alma, no ego.
Fui acompanhada de meu namorado, de quando em vez não somos isso, mas há sempre pano pra manga pra nós dois, ou seja, nossa vida juntos tem passado por todos os personagens possíveis, e interpretado todos os gêneros já sonhados por um verdadeiro diretor de cinema. Creio mesmo que vou me graduar em comédia-romântica ou em trágico-cômico de uma novela sem fim, mas saborosamente brasileira, cearense e mais, irrecusável.
Assistimos com aplausos merecidos, mais 2 adaptações de Nelson, que cardápio maravilhoso, hã? Uma coisa linda de se ouvir, sim, era uma leitura dramática, mas juro que vi as cenas acontecendo paralelamente às vozes que se faziam presentes no palco. Juro, cheguei a ver mesmo!
Conheci mais trabalhos bons, e mais de Nelson Rodrigues... Tenho tido a impressão de não mais querer ver outra coisa que montagens, peças e adaptações dele, só dele. Uma espécie de devoção e curiosidade cósmica, isso, curiosidade... Ele é bom, muito bom!
As apresentações, incansavelmente, contornaram toda a minha imaginação e pude me extasiar com as imagens que eu mesma criei, dirigi e coordenei. Os aplausos sacuriram todas essas imagens, cessando minha catarse, e percebi que os atores já estavam de pé, naquela posição final onde todos eles olham pra lugar algum na platéia, ou olham pra algum lugar onde receba um sorriso, uma piscadela, ou um balançada de cabeça dizendo:'Parabéns!'.
Iniciou, então, um bom feedback das apresentações e do nome Nelson Rodrigues... Delícia, ontem fora realmente delicioso... Bom papo, palavras medidas e articuladamente cabíveis à sabedoria estudada, consumida. A desenvoltura com que trocavam as mãos gesticulando com as idéias muitas a nos servirem, me deixou esquecer que estava mesmo era esperando a hora de cruzar a porta que tanto abriu e fechou durante o "espetáculo", fazendo com a magia das vozes e das cenas por mim descobertas em muito perdesse a qualidade de um silêncio necessário, sagrado, justo!
Cruzei a porta de mãos dadas, troquei beijos do lado esquerdo e direito com olhos azuis límpidos, mas...
Enfim, mais Marlboro pra nossa noite, e mais conversas ao pé da paixão explicitamente viciada.
O circular me levou de volta, meu boa noite enfim chegou e eu, o que que eu faço com as mãos no bolso?
E agora, o que tem pra hoje?
Hoje não tem noite pra mim, nem Nelson, nem Marlboro e nem namorado ou coisa que o valha... Hoje vai ser um dia daqueles, além de vazio, elucubravelmente Charles Bukowskiano...

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Águas de junho...


E mesmo depois de doses teatrais de Nelson Rodrigues (apresentado a mim a pouco mais de 2 montagens e adaptações), acho mesmo que namorar ator é uma comédia, eu diria uma figura de linguagem!
Não tinha noção do cheiro que os palcos de teatro proporcionam, e nem mesmo do gosto que o Marlboro causa nesse cheiro, nessa mistura sinestésica.
Sinto que o amor chega tietando tudo, diretores que me apertam as mãos e trocam beijos de um lado e de outro, atores iniciantes (e já com um currículo de companhias e mais companhias atravessando as novas experiências) que sorriem e fecham a cara rapidamente numa fração de segundos tão estranha quanto o tempo do sorriso.
Tento não perceber quão falsa é a disputa por um lugar ao palco, se assim me entendem, uma disputa desleal quanto á humildade de não se viver o personagem real que a vida nos impõe viver.
As águas desse mês de junho que acompanham meu coração são imensamente prazerosas, mas são estranhas e de uma coloração jamais vista por meu coração. Sinto como se estivesse aprendendo a ler o olho das pessoas, aprendendo a conviver com os defeitos exaláveis de pessoas que se perderam em si mesmas, já que de tanto interpretarem, não mais sabem com qual sorrisso ou olhar encarar a vida real fora da porta de entrada ou saída do saguão do auditório central.
Tenho feito visitas assíduas ao Centro Cultural Dragão do Mar. Visto meu personagem emoção e lá estou, morta de feliz por estar acompanhada de um sapo, que não é cururu e nem sapo, literalmente falando, acho mesmo que se parece com um coelho...hihihi
Bom, nesta minha assiduidade a este lugar, percebi que sou mais feliz quando deço do ônibus. O circular, sim é este o responsável por levar e trazer minhas emoções de casa ou para casa, sempre me é prazeroso aos olhos, mesmo quando estou no Campus do Pici-Unifor, gosto de olhar para o motorista do Circular e fechar os olhos, lembrando da noite passada ou de outrem.
Creio que eu estou numa crise profissional, universitária... Não mais sei dividir Nelson Rodrigues de Paulo Freire, ou ainda "Valsa nº6" de "João e Maria"...
Ah, meu Deus!!! Onde diabos deixei meu grampo do cabelo? Vou deixar os fios soltos, quem sabe eles não penteiam minha face por hoje, e só por hoje, triste.
Quero ler mais minha vida, minhas comédias e minhas tragédias, sempre tão judiadas pelo abandono e pela poeira deste.
Quero mais palcos, mais Marlboro, mais Nelson (bem menos Freire) e mais, bem mais alegria no meu social diante do que esta platéia ainda pode me dizer sobre o que já não sei...

Meu namoro vai bem, obrigada... Hã? Ah tá, não, não, ele é ator, mas é real, é o coelho que faltava em "Alice no país das maravilhas!" Alguém duvida que já fui loira e já me chamei Alice??? Bom, eu duvido, mas acredito!!!

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Mais uma de amor...


Ah, cálices de vinho branco me acompanham nestes inebriantes dias, completos e surgidos de uma lua casta e minha, ops, nossa.
Uma espécie de libertação da alma engole tudo o que eu sempre quis mastigar com cuidado e leveza. Ruminar a vida, o amor, as dúvidas e o desejo em si, este um só!
Despertador para a luz, corações para o dia, espera para o tudo, mãos para o todo, boca para o sim, olhos para você e eu, saudade para o sempre!
Queria mesmo ter palavras de dicionários que pudessem me ensinar a falar o que lateja, ou ainda, me treinar para as possíveis palavras que podem surgir quando te vejo, quando quero enfim te ter.
E não mais que poesias gastas, não mais que dragões mansos e nossos, não mais que grama verde e macia, não mais que horas de afinco com o se tornar, mas simplesmente o só. Só em pensar nos imbróglios que nos imergiram durante o medo, me imagino crua.
Uma confusão de dedos agora me deixa confusamente sem letras visíveis, mas creio que tudo se deva a esta curva de êxtase e de absinto.

Uma nuvem pintada e recortada se banha em meu quintal, mas ainda assim, penso em ti como penso nas possibilidades de um banho sonífero e atual.
Quero mais que de repente ser das horas que te batem, ser das vidas que te passa, ser do travesseiro que te escuta e te enxuga.

Sou simples, moleca, sorrio por dentro, mas sou tua, tão tua, tão, tão, tão...
E essa paixão nada mais me diz que somos reis e rainhas dessa vida, a nossa vida, a nossa!

Mesmo de havaianas, me casaria com teu peito e com tuas mãos e boca, e nuca, e pés, e joelhos.
Me casaria sim com teus pêlos, com tua voz, com teus cabelos, com tuas unhas e dedos.
Faria da lua nossa mãe, e do sol, o padre a nos consagrar mais felizes que outrora!

Amo, "Maiakovscamente", amo mesmo!