sábado, 19 de novembro de 2011

E quem foi que te disse que aquele pra sempre que eu te dei, ainda está vagando pelos arredores?
Nunca mais te dei nenhum motivo para você imaginar essa situação viva, ressuscitada, em carne de osso, em pele de mãos.
Você foi embora de barco, pelo mar afora, da minha vida digna de um lenço de papel estrangeiro.
Estragou toda aquela maquiagem que fiz pra uma festa à fantasia.
E muito mais que qualquer estrago da vida em si, você colocou veneno na minha bebida, na minha comida, no meu peito fundo e seco, por ora.
Mas quer saber de um detalhe bem preso nas entrelinhas? Eu te conto, espie.
Você saiu na hora certa dos ponteiros, estes estragados com os banhos que tanto dei te esperando noites e madrugadas do mundo, como eu chorava...
Aquele presente ainda embrulhado guardado no sótão, não tem dono, nem aspirantes.
Meus sapatos ainda tem o seu rastro, que pena.
Aquele furo da minha blusa, foi você com seu cigarro irritantemente impaciente.
E meus cabelos, já não são pretos como antes, ontem, foi.
Perdi parte dos dentes, já que não usei meu sorriso, quase não uso. Pra quem?
E sem contar nos dedos e unhas, sem bronze, sem esmaltes, sem mobilidade alguma, de nenhum tipo.
Pra quem eu passaria meu batom rosa???
Um trago, umas velas e um drink com gelo, por gentileza!!!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Um belo dia eu desisti.
Sabe quando aquele cansaço de fim de festa te chega dos pés aos cabelos emaranhados e com cheiro de cigarro? Eu passei alguns dias assim, cansada, preguiçosa, sem vida ou desejos e anseios algum.
Nada me fazia sair da cama, do chuveiro ou do sofá, onde eu passava horas sem perspectiva alguma de qualquer coisa que fosse, mesmo pegar um copo com água na cozinha.
E eu cansei hoje.
Fiquei me sentindo abduzida por uma falta de carne e osso incomuns e desesperantes.
Até onde o ser humano alcança a sabedoria de te enxergar exatamente como você se mostra ser?
Até onde a gente consegue ver, ver mesmo, os olhos e os ouvidos de outra pessoa que não nós do outro lado do espelho?
A gente não vê.
Aliás, até enxergamos algumas coisas, mas estas são exatamente aquilo que nos cabem, no número da roupa, do sapato, me entende?
É aquele lance dos calos, sabe? Cada um sabe exatamente onde aperta...
Eu prefiro imaginar que cada um de nós, por sermos pequenos e descartáveis, sonhamos com a imagem que descrevemos todos os dias antes de sair, de ir à padaria ou ao trabalho com aquela roupa gasta e sapato de salto arranhado.
Nós não somos o que pensam.
Não poderíamos ser.
Quem somente pensa, não vê!
Agora, exatamente 22h15 de um noite de feriado tumultuado, estou pensando no quanto fui.
O quanto sou ainda está em processo de reconhecimento, sabe?
Ainda estou naquela mutação delícia de sentidos, sentidos e sentido! Continência!
A tv desligou.
O refrigerante acabou e que vontade, droga!
Não tenho cigarro.
A internet me fadiga.
Davi dorme feito anjo.
O celular não toca.
Enjoei das minhas músicas salvas.
O livro do Ozzy... boa idéia!
E as vezes parece que perdi o ar e uma das mãos...
E como numa brincadeira normal de pique esconde ou mesmo amarelinha, não tive tanto equilíbrio e me escondi demais, me perdi dos outros ou mesmo parei no último quadradinho denominado inferno. E agora?
Tenho sentido uma necessidade de fugir dos meus ouvidos e coração, que ninguém vê.
Ainda mais quando seus inimigos, quando você os tem, te segue a passos silenciosos e curtos, de salto alto e roupas de grifes com bolsa e óculos idem.
Pra que me encontrar em meio a essas luzes e festa de cores que minha vida está sendo?
Pra que chegar perto e me arrancar os risos que tanto renovam minha pele e cor?
Onde mais eu posso recarregar todas as energias sugadas por uma vida sem vida, sem sombra de dúvida.
Só sei que as lágrimas me banharam, e eu precisei deste banho.
Estou escutando um eco tão profundo ao meu redor que chego a ter certeza que é assim que vou permanecer, nas horas que me seguem neste feriado de hoje.
Pra onde eu posso correr???
Acho que pra longe de mim.

terça-feira, 1 de novembro de 2011


E dentro de toda aquela mágica que eu fazia com meu coração, com meu sofrimento e verdade indiscutíveis, descobri você!
Entre um olhar e outro, um atendimento e outros, você foi perfumando os meus arredores e tomando conta daquela mão que não mais tocava outra.
Sabe que cheguei a te imaginar fazendo acenos de 'não' para mim e me deixando naquela parada de ônibus sozinha e com os ouvidos machucados, com os olhos ardendo e a boca trêmula?
Nunca uma lua tinha sido tão quista.
E nem em contos de fadas um sorriso de boneca me alcançava e me dava tapinhas de 'acorda, menina'.
A verdade é que a mágica foi acontecendo sem tempo, sem nenhum espaço de tempo ou intervalos, coisas assim.
Você chegou!
Eu não mais dormia sem sorrir inquieta, sem esperar a escolha de uma roupa pra te mostrar, me mostrar, sem correr pra um ônibus que me levasse logo pra o seu canto.
Eu nunca mais penteei o cabelo com aquela queda das mãos e o enfriar da barriga de segundos em segundos.
Que coisa essa dança das pernas, das mãos, dos cabelos e dentes.
Eu só sei que as luas chegaram mais devagar, os sóis arrebataram minhas janelas e cortinas antes fechadas, e o céu, este passou a me olhar como um espelho.
Hoje cá estou, tomando aquele último nescau da geladeira e pensando no quanto minha entrada naquele elevador me foi um bilhete da sorte.
Nada de jogos de azar, muito pelo contrário!
Venha novembro, antecipe todo esse querer dos novos dias e números e estações do ano.
Qual é a próxima mesmo???
Pra sempre, você!