segunda-feira, 31 de maio de 2010


Claro que hoje, com aquela manhã de muitos ruídos no céu e muita água rolando, eu não poderia deixar de sentir uma melancolia bem clichê, bem bobinha e sem gosto, sem cor nenhuma, mas melancolia, inevitavelmente.
O dia se arrastou nas horas, se fechou por completo dentro de um cinza escuro bem típico de tristeza, de derrames...
E a vida segue, meu bem.
E se está doendo, há de passar aos poucos e criar casca daqui pra amanhã... Veja só!
As luzes não puderam ser apagadas. Nem as janelas abertas. Nem os cadeados das portas, eu tirei. Pra que?
Lembro de ter me balançado até dormir... Aquela rede me dá uma felicidade que só meu corpo sabe falar sobre, descrever como é.
Tenho medo, muito medo, isso é fato.
E quantos medos ainda me chegarão?
Perdi a hora, de novo.
Perdi a vontade de conversar, de novo também.
E acho que perderia a vontade se eu visse direito, enxergasse.
Não sei, mas esse céu cinza escuro da noite que estancou agorinha vai berrar pra mim.
Vou esperar ali sentadinha na beirada da cama, me agarrar com meus pedidos e minhas lembranças infindáveis, degustáveis todas.
Nada a reclamar.
Não esbravejo mais.
Não e não pra cima.
O meu sim, que é sempre completamente sim, é seu, pega.
A noite chegou, a chuva também e eu vou ficar ali, só esperando.
Espero mesmo.
Esperar por você!

quinta-feira, 27 de maio de 2010

desconstruindo... indo...


Sabe, aquelas janelas enferrujaram... Eu esperava por isso.
É tão ruim esperar pelo ruim, pelo o que machuca, magoa, desconstrói... A verdade que tem me aceito é exatamente essa, desconstruída. E não me venham com essas sobrancelhas saltitantes, nem com esses dedos dançarinos engatinhando pelo rosto... É só isso que posso e sei dizer, eu estou desconstruindo.
A minha rua tá vazia como o que... E mesmo com essa lua perolada gritando naquele céu lá de fora, eu continuo aqui catando motivos pra não pensar, pra não doer, pra não roer, pra não cair ali.
Tudo tem demorado tanto. Tudo, tudinho.
Os dias começam e acabam no mesmo instante que acordo.
E quando eu os vejo finalmente se lançando entre uma alegria, lá vem algo que me tira o construindo... Descontrói novamente.
Eu sabia que estava envelhecendo, ficando doente, ficando cada dia menos por aqui.
E sabia mais, sabia também da quantidade de fios desligados que possuo dentro de mim...
Ah, se eu conseguisse religá-los todos, um a um, sem pressa nenhuma...

E o algodão do meu travesseiro cheira, some dentro da minha boca, dentro do meu sufoco.
Dormir agora é desconstruir essa vontade de permanecer lúcida, pra sempre, só por hoje.