quinta-feira, 29 de setembro de 2011

E eu tinha tanta coisa pra te contar, te desenhar, te fazer sentir com cada um dos dedos, que você me expulsou de uma forma louca e certa da sua calçada e do seu banco de passageiros e da cadeira ao seu lado na mesa, mas que adianta eu falar? Você não tem nem sorriso pra me devolver ou me desdenhar... Nem mesmo lugar nesse seu riso você tem que me caiba. Nada mais em você faz sentido eu ter, sonhar ter, sonhar e ter angústias destes sonhos.
Sonhei fortemente com você esta madrugada e dentro de todo aquele soluço que eu sentia ao te ver sem mim e feliz, querendo continuar do jeito que estava e sem mim, muito feliz e sem medo ou arrependimentos ou titubeios.
Você me deixou na rodoviária, no aeroporto, no ponto de ônibus ou em alguma avenida prestes a atravessar. Eu estou completamente sozinha e infeliz, encucada, descabelada, unhas sujas e quebradas...
Eu me tornei um caco desde que o nosso amor perfeito se quebrou, pra sempre.
Onde é que eu vou parar até encontrar outro você? Onde fica esse 'nunca' que você me manda, exala pra mim, espirra, tosse, desengasga?
Você nem me vê mais, é isso?
Nem mesmo deitar ao meu lado e dividir o travesseiro assistindo um filme qualquer na Warner, você quer... E mais, suas mãos não falam mais em repousar em mim, na minha pele e cabelos.
Eu estou tão exausta de toda essa carência e falta que você me atinge.
Estou de ombros caídos e desembestados por todo esse amor que não morre, não muda, não sai, não cai.
Está sempre tudo assim, sem mudanças, sem perfume que valha o seu cheiro dentro da minha cabeça dia e noite e noite e dia.
Você é um ar delicioso que me entra pelo nariz todos os dias antes e depois de dormir.
Você caminha dentro de mim a cada segundo que o seu nome não me sai do frio da barriga.
É pra você que eu dedico cada canção melosa de amores não reconciliados ou impossíveis ou gozados, até a última gota.
Eu sempre serei tua.
E não só nos lençóis, no sofá da sala, nas camas escolhidas.
Eu sou sua em qualquer lugar ou cor que me leve a todas as loucuras que os pensamentos em você e com você, me carregam.
Você está nas minhas janelas, no nescau de bom dia, naquela pizza quente e cheirosíssima com coca cola (ou Kuat) e até mesmo no suor que eu molho quando corro de você.
Nenhuma rua, pedra, árvore, bicicleta, moto, nuvem, remédios, cigarros, me levam de você.
Mas também nada me leva pra você.
Eu sei que me perdi ao te perder de vista e... Perdi você!
E agora não sei mais o que eu vou fazer com essa vida estranha que levanta e não acorda todos os santos dias.
Não sei nem calçar meu tênis e como tomar meu café da manhã.
Eu me perdi.
Tá ruim de me achar, de querer me achar.
Queria que você brincasse disso comigo agorinha, de me buscar, me encontrar, só mais uma vez e que fosse dessa, agora, bora?
Passa de novo aqui em frente e buzina pro meu cachorro latir avisando que eu já posso correr pro portão e te dar aquele abraço de 'oi, você é o amor da minha vida. por que demorou tanto?'.
Vou ali pro meu travesseiro...
Você não vem.
O meu cachorro não vai latir pra você, não vai me avisar.
Você foi embora e foi assim.