quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

dezembro.


A paisagem pincelada a olhos turvos, enganosos, me trouxe ruídos novos e ventos perfumados por Tarsila...
Não cheguei de fato ao alcance, não conseguia pegar com as mãos e meu pensamento fugia a cada segundo que antepassava minha dúvida, meu medo.
Eu estivera a kilômetros dali e jamais em todo aquele ciclo, me imaginei sentada ou deitada naqueles fios, naquela atmosfera verde, úmida.
Eu não podia estar sozinha, não queria que assim fosse. E não foi!
Nunca mais... Não até agora...
Os dias se tornaram mais dias que noite, agora.
E agora isso tudo se torna feliz, indescritivelmente feliz e feliz, mais feliz!
Engraçado ver as cores de mundo assim, desse jeito bobo e desajeitado.
E é mais engraçado saber ver.
Ontem mesmo a minha vida, os meus rumos (eram muitos) não cabiam dentro do meu travesseiro. Até porque ele sempre esteve tão encharcado, tão pouco algodão. E agora, nesse meu hoje de um dezembro inesperado e vermelho, vejo quão louca é a vida e seus ponteiros, suas formas de manobrar janelas e portas e frestas...
Você entrou pela porta da frente.
Aquele beijo que eu tanto imaginei que seria possível (quiçá), veio tão transparente, tão devagar e tão merecido. Merecido sim!
As minhas mãos se perderam nas suas de novo.
Os meus dedos, pra que encontrá-los???
Meus pés sentiram tanto frio longe de você, do seu cobertor, da sua forma de me ver nesse mundo.
Eu quis você.
E quero tanto sempre e sempre.
Quero mais e ainda mais.
Na verdade, devagar é o nome que consigo dar pra o que meu coração sentiu ao ter lapsos seus voltando, chegando, ficando.
Voltei a respirar depois de alguns segundos imóvel, descrente, absorvida pelo cheiro de areia de praia, mar, maresia...
Eu nem quis saber se meu relógio estava perto, se as horas iriam nos deixar a sós, se, se, se, se...
Eu quis saber do seu beijo, da sua cor e do seu gosto.
As portas estavam escancaradas e, caso eu não as deixasse permanecer assim, você certamente encontraria as cortinas amarelas esperando por um pulo seu.
Meus chinelos estavam ao lado dos seus... Cena boba de se lembrar, mas bom, muito bom retornar a sorrir com detalhes bobos.
Você está aqui de novo.
Está perto.
Está ficando não mais só aqui, mas ali e acolá e bem pra lá também!
Novembro bom de se ter no calendário.
Dezembro inquestionável de se permitir varrer, encontrar.
Estou aqui de novo também.
Retornando aos risos fáceis e sem obrigações de assim serem...
Não temos mais obrigações.
Não temos.
Bom demais ter nuvens e sóis e aquele arco-íris.
Bom mesmo.

Amo você.
Você e você!!!