sábado, 28 de abril de 2007

Passando a limpo!


Alô???
(Coração e barriga indecididamente borboletando)
Poucas mãos diante dos pedidos do cérebro
Poucos olhos
Poucos ouvidos
Pouco corpo
Pouco...

Tu tu tu...
O sono
A chuva
O vento
O sol espreguiçando
Raiou...

TV ligada, mas o pensamento não
Computador aceso
Livro aberto e carente
(Maiakóvski
Peter Brook
Agatha Christie...)

Refrigerante
Suco de caju
Água sem gás, por favor!

Sorvete
Torta de abacaxi
Gorduras a mais chorando dentro de uma bulimia desnecessária

Sentada
Deitada
Impaciente
Cadê, hein???

Cadeira
Sofá
Cama
Computador de novo??
Nada??
Nada!

Banho
Chuveiro
Mangueira
Torneira aberta e depois fechada, mas com pingos insistentes e chorosos...

Sobrancelha
Pele
Unhas
Cabelos
Pêlos
Boca
Dentes
Olhos
Nariz
Ufa... !

O dia é noturno, agora
Boa tarde se foi
Boa noite aconchegante e só!

Chá com bolachas e manteiga
Mortadela de quê???
Casa de passarinho, o João de Barro
Ninho de pardal
Poeira invejosa
Mar adentro e saindo
Calor insustentável e magricelo

Vento de plástico e com ruídos de fome, de demissão!

Acabei, onde é que eu estava mesmo???
Ah tá, na saudade...

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Assim falou Lilí


Acordar cedo depois de uma madrugada virtual e cheia de esperas, não é fácil. Acredito mesmo que os cafés da manhã gostariam de dormir mais um pouquinho diante da pouca fome que tenho e da muita embriaguez que carrego.
Com esse tilintar das teclas de plástico desse teclado, me vejo diante de pensamentos chegando avulso e desesperados pelo nascimento. Como em uma chuva ácida de espermatozóides em busca do óvulo perfeito, ou pelo menos simpático.
Nossa, nem bem o sol amarelou, e a rua já possui fumaça de escapamento e papéis de bombons coloridos de todos os tipos e sabores... Ontem à noite nem haviam tantos assim, pelo menos os de abacaxi e de hortelã não estavam onde passei.
Levantei e completando o desjejum, senti saudade do cheiro de bronzeador e de óleo quente, mas decidi não ir à praia, afinal, sextas-feiras 13 são especiais, e decidi dormir mais um pouco diante de tantos arrepios e crendices que finjo não acreditar. Mãiêêêêê, to indo me esconder deste dia de abóboras assassinas...
Coisa mais boba dormir e acordar e dormir de novo... Percebi que nem fiz a refeição do meio-dia, mas pra falar a verdade, as canetas-tinteiro que tenho na escrivaninha, me deram idéias maiores que a fome.
Os beijos da tarde e as fugas idem, foram tomadas pela febre, pela invalidez da paixão (tetraplégica mesmo). Mas mesmo diante de tantos arames e sangue escorregando, as tardes continuam minhas e as fugas, minhas também. Que voem os palavrões exagerados e cortantes, que se enterrem as promessas mal cumpridas e que se escondam de mim as garras mal afiadas... Hoje e amanhã serei só minha e de alguém que ainda não veio. O tempo, esse só existe pra quem não sabe esperar, nem me será tão cordial quando chegar... Prefiro ouvir meu tempo, meu espaço. Sou minha, com todo o egoísmo que existe. Mais que sempre e nunca, mutilarei a boca, a nuca e as mãos...
O cálice de cicuta chegou!
Enfim, sós!!!

quarta-feira, 11 de abril de 2007

No travesseiro e de olhos fechados...


Um bocejo de braços
em frente ao sol da janela ainda fechada pelo meu sono bêbado e
infeliz.

Às 7 horas do meio dia, minha pele tem sêde de mais travesseiros e mais segredos. Quero mais sono pra os meus desejos e
utopias de cinema sem luzes e
sem cheiros de pipoca e coca-cola light.
Os pingos da chuva seca do meu quintal, varreram a poeira da minha janela, mas deixaram cicatrizes de um banho incompleto e
anti-gozo... Um vento móvel e descartável de botões,

muda a posição dos meus cabelos e dos meus pensamentos. Eles uivam cifras de violãocelos descoloridos e desafinados pelos desafios.
Penteio meus cabelos com etílico e estrago doses de tic tac's com os fios adormecidos em minhas roupas.
Bebo o laranja do céu azul e faleço nas unhas do dia antes de ontem...






...Ops, a vida vacila no salto alto e na mini-saia do tempo, prostituta de si mesma!

terça-feira, 10 de abril de 2007

Descrição


Espirro
Abraço
Mãos
Boca fechada
Cabelos penteados
Olhos inconstantemente pretos
Frio
Arrepio
O tempo tiquetaqueando a espera
O sol se abaixando pra ver melhor
A lua, cadê?
Nuvens transparentes
Tosse
Dor da vida
Dor na morte
Sorriso
Gozo
Cansaço
Hã?
O celular tremendo
A cama desfeita
Refeita
O travesseiro atravessado
O chão descalço
Os pés encobertos
Dentes frígidos
Sangue nadando
Saliva viajando
Língua indecisa
Decidiu-se.

Ufa
Acordei!

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Se bem que...


A primavera seria exatamente a estação onde celebram-se os aniversários... A troca de ano e de pele significa não mais que sorrisos a mais e cabelos a menos. Seria também propícia para regular nossas dores e fazê-las menos monstruosas diante da vontade de subir à tona mais uma vez (e é sempre a última...).
Hoje o dia acordou devagar e me fez ter mais sono que o de costume. Uma noite de línguas e cérebros dançantes, me deu a sensação de não ter podido ser menos eu nesta cama que não me perdoa.
A TV foi companheira em alguns risos surreais, mas vejo-me presa a sensações muitas que nem sei bem onde cabem dentro da confusão destas noite-a-noite.
Músicas que falam de estrelas e pranchas de surf me remetem a cheiros de vida que ainda não usei, vida esta que eu tenho nas mãos e nos cabelos preto-ou-castanho-escuro!
É incrível, senti ciúmes do meu ursinho de pelúcia, ele está sempre sorrindo e não precisa tomar banho pra não sentir calor... A santa inquisição que o meu ventilador não enxerga, está diante dos pesares que sinto e dos medos que me alucinam nas horas de olhares preso a não sei o que nem onde.
O celular não tocou ainda, e penso que ele esqueceu disso... Eu continuo esperando??? Não, ele vai deixar de ser orgulhoso, sei que vai... As músicas que nele habitam são para os nossos ouvidos, virtuais ou não!
Chega disso, vou voltar a dormir e falar de olhos fechados para o travesseiro apaixonado... Ele não consegue esquecer a janela que nos vela, janela esta que deixou de ser minha para ser do vento e da chuva... O sol a queimou e assim, cortaram relações!!!
Eu não, continuo me bronzeando com a pena e a língua daqueles que me fazem inimiga de mim mesma. Se bem que...