sábado, 25 de julho de 2009

Descansar de você!


E dentro dessa fome que não vem, me preocupo com a forma como tenho encarado minhas dores.
Talvez nem encarado as tenho.
Ignorado sim, isso é o que mais sei fazer.
A gente abre as janelas que pode, fecha as portas que consegue e, além disso, espera por tudo e todo aquele que vai vir, sabe vir.
E eu espero tanto que nem sei mais, nem cabe mais...
Não dá pra ser simplesmente madura e desencanada.
Não ter pudores e não mais querer o que mais se quer profundamente, é tão difícil.
Impossível!
Eu lembro bem dos meus anos de criança, das minhas brincadeiras sozinhas, das minhas fantasias bobas de ser isso e aquilo.
Lembro das paixões muitas por muitos ao mesmo tempo.
E quanto amores criei e recriei pra mim?
Quanto tempo se passou pelos meus pés, e as linhas das minhas mãos já se transformaram tanto...
Elasticamente eu não sou a mesma, não daria pra ser ainda.
Estou cansada hoje.
Nunca vejo o novo pular minhas grades, ou bater no portão (tocar a campainha seria demais).
Ele não vem, não virá.
Sei que anda me espreitando, sei também que tem curiosidade, como a minha (ou bem menor).
Não duvido do que ele pensa, nem do que ele não quer.
Mas ele também se esconde, como eu.
E sabe como esquecer, sabe como ignorar e pronto.
E eu, cá estou...
Levando chutes maravilhosos de Davi, o vendo crescer e tomar forma e peso.
Ele vai nascer daqui a pouco, e com o pavor que acompanha esta afirmativa, afirmo que seremos nós os amantes mais fiéis e duvidosos desse mundo todinho.
Eu tenho medo e terei mais ainda.
E sei que Davi também terá suas doses...
Os dias não passam, e as vezes passam que nem vejo.
As nuvens denunciam, o sol treme, a rua é vazia, o céu nem tem mais a cor de.
Mas de que adianta esperar?
E por que esperar?
Eu não me livro de você.
Eu não esqueço de você.
Nem poderia...
Treino ações, procuras, atitudes inúteis e incabíveis...
Não me cabe mais tanto te querer de alguma forma.
Não me alucina mais ficar sozinha (impossível).
Eu precisava só da sua mão... mãos, no plural!
Mas não, eu preciso de mais... de bem mais que somente mãos.
A sua boca, a sua nuca, seus cabelos macios e suados, seus dentes e olhos.
O ruído que sai do seu riso...
E o vento te leva pra longe, e cada dia mais longe.
Ainda estou tão cansada.
Tão lúcida, mas tão cega.
Demoro pra dormir, pra deixar de pensar em nós, pra parar de pensar em como seria nós três.
Demorei pra acordar dos sonhos que insisto em pintar reais.
Hoje de manhã doeu mais que ontem à noite e anteontem à tarde.
E dói, sempre dói um pouco mais, mas com intervalos.
Dá uma vontade de chorar um pouquinho, de gritar aos poucos, de correr por você.
Eu tenho delírios bons de abrir a porta e deixar você entrar, ou de atender uma ligação onde você esteja à minha procura, ou até de encontrar com você em todos os lugares que vou.
Delírios que me fazem me vestir pensando em te encontrar, passar aquele perfume que você sempre dizia ser bom, ou me pintar e ficar bonita pra o seu espanto.
Eu tenho vivido fora de mim por tempos que não estão no calendário.
E tudo tem girado de forma que caiba você, na beliche, no sofá, na minha cama de solteiro.
Mas até quando eu vou pensar assim, definitivamente louca e desesperada por notícias suas?
Até onde eu vou olhando assim, tão assustada por te achar em alguma cadeira perdida, ou em alguma mesa dividida por você e outros, outras?
Ah, deixa essas interrogações me acompanharem...
Eu vou descansar de você!

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