terça-feira, 19 de junho de 2012

Difícil mesmo é quando ao entrar no ônibus, buscar uma cadeira perto da janela, você se encontra extremamente alucinado pelo mundo que continua andando a pé lá fora.
E não há parada alguma que te faça correr, te faça fugir da continuidade de pensamentos que se cria durante um percurso de 20, 30 minutos.
Percebo que minha vida muda, a cada viagem que faço.
É como se a percepção do tempo, temperatura, pessoas, carros e lojas e casas, me incluíssem loucamente em cada detalhe.
Desde uma criança fazendo malabares para pedir centavos a uma senhora carregando sua sacola de luxo com produtos de luxo que saíram de uma loja de luxo.
Até mesmo aquela garrafa jogada impropriamente pela janela de um corola qualquer, ou o palito de sorvete que foi jogado erroneamente a centímetros do lixo, ou aquela moça que grita com seu mancebo ao telefone, ou a criança que pede pra atravessar a rua a seu modo, ou até os velhinhos de mãos dadas em uma tarde no Open Mall.
O cigarro que um dos lojistas fuma deliciosamente, o gole de chopp que um jovem toma de mãos dadas com sua amada-amante, os brincos que balançam na orelha da negra, o chinelo sujo do flanelinha que ajuda a estacionar o carro, as plantas regadas, os pratos dispostos na mesa de forma clássica, a música de elevador que toca ao chegar no L1.
São detalhes que tilintam nos meus ouvidos e me fazem andar de boca aberta, percebendo e somente percebendo.
Nada mais me envia saldos ou qualquer tipo de informação que seja.
Nada mais me inclui em nada que não seja tátil.
Eu me perco olhando.
Me perco muito sentindo.
E como é fácil perder-se e encontrar-se, Deus do céu...
Mais fácil ainda é querer que os detalhes perpetuem-se, seja na folha de sulfite, na folha do caderno de 2005, com aquela caneta velha que não saía do bolso a caminho da faculdade.
Hoje, além de saudosista, me encontro um tanto colorida, como numa caixa de caneta BIC.

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