quarta-feira, 20 de junho de 2007

Águas de junho...


E mesmo depois de doses teatrais de Nelson Rodrigues (apresentado a mim a pouco mais de 2 montagens e adaptações), acho mesmo que namorar ator é uma comédia, eu diria uma figura de linguagem!
Não tinha noção do cheiro que os palcos de teatro proporcionam, e nem mesmo do gosto que o Marlboro causa nesse cheiro, nessa mistura sinestésica.
Sinto que o amor chega tietando tudo, diretores que me apertam as mãos e trocam beijos de um lado e de outro, atores iniciantes (e já com um currículo de companhias e mais companhias atravessando as novas experiências) que sorriem e fecham a cara rapidamente numa fração de segundos tão estranha quanto o tempo do sorriso.
Tento não perceber quão falsa é a disputa por um lugar ao palco, se assim me entendem, uma disputa desleal quanto á humildade de não se viver o personagem real que a vida nos impõe viver.
As águas desse mês de junho que acompanham meu coração são imensamente prazerosas, mas são estranhas e de uma coloração jamais vista por meu coração. Sinto como se estivesse aprendendo a ler o olho das pessoas, aprendendo a conviver com os defeitos exaláveis de pessoas que se perderam em si mesmas, já que de tanto interpretarem, não mais sabem com qual sorrisso ou olhar encarar a vida real fora da porta de entrada ou saída do saguão do auditório central.
Tenho feito visitas assíduas ao Centro Cultural Dragão do Mar. Visto meu personagem emoção e lá estou, morta de feliz por estar acompanhada de um sapo, que não é cururu e nem sapo, literalmente falando, acho mesmo que se parece com um coelho...hihihi
Bom, nesta minha assiduidade a este lugar, percebi que sou mais feliz quando deço do ônibus. O circular, sim é este o responsável por levar e trazer minhas emoções de casa ou para casa, sempre me é prazeroso aos olhos, mesmo quando estou no Campus do Pici-Unifor, gosto de olhar para o motorista do Circular e fechar os olhos, lembrando da noite passada ou de outrem.
Creio que eu estou numa crise profissional, universitária... Não mais sei dividir Nelson Rodrigues de Paulo Freire, ou ainda "Valsa nº6" de "João e Maria"...
Ah, meu Deus!!! Onde diabos deixei meu grampo do cabelo? Vou deixar os fios soltos, quem sabe eles não penteiam minha face por hoje, e só por hoje, triste.
Quero ler mais minha vida, minhas comédias e minhas tragédias, sempre tão judiadas pelo abandono e pela poeira deste.
Quero mais palcos, mais Marlboro, mais Nelson (bem menos Freire) e mais, bem mais alegria no meu social diante do que esta platéia ainda pode me dizer sobre o que já não sei...

Meu namoro vai bem, obrigada... Hã? Ah tá, não, não, ele é ator, mas é real, é o coelho que faltava em "Alice no país das maravilhas!" Alguém duvida que já fui loira e já me chamei Alice??? Bom, eu duvido, mas acredito!!!

Um comentário:

  1. Adorável este olhar incerto e maravilhado - sem ser alienado.
    Teatro carrega essas coisas que chamamos mentiras, mas que depois descobrimos que são invenções. Acabamos de inentar e ela se torna verdadeira. Por isso. Pode ser também que não.
    Paz e bom humor
    http://walmir.carvalho.zip.net

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