domingo, 16 de agosto de 2009

no domingo, agora!


O vento entrava soprante e louco, como que numa revolução de espaço, de terrirório.
Abria as janelas e rapidamente rodopiava pelo quarto, cheirando tudo e se certificando do que poderia não mais restar em pé ali, exatamente naquele canto.
E nada restou.
O azul que chegava há pouco, dividiria lugar com o dia, com a réstia de calor que entrava pelos cortilhos da porta e com as cortinas bailarinas que, incansáveis, dançavam o tempo todo que a elas lhes pertencia.
Eram donas da dança, do espaço entre elas e o azul, entre o vento e o sol.
Cheguei a titubear pra entrar no quarto. Vacilei com a mão na maçaneta. Mas entrei.
Tudo me levou pra fora dali. Viajei mesmo e por minutos dormentes, não alcancei mãos e nem pés. Quase caí.
Não senti nada parecido em vida. Nunca na vida.
E é um amor tão insano, tão meu e egoistamente meu, tão enormemente insano e meu.
Fechei a porta por trás de mim, corri pra meu canto e pensei na minha vida.
Tudo estava mudado, consumado, incontrolavelmente.
Nada seria mais, nada teria mais, nada, nada mesmo poderia ter a fé de antes, o cheiro de sempre, os pensamentos, as pulsações, o incontrolável.
E tudo corria pra um natural que me assustava. E não poderia não assustar!
Que seja.
Não há tempo pra mais nada que não ir.
Tempo que é tempo não espera, arrasta.
E o tempo agora, além de ensolarado e perdido no azul, grita pra eu abrir ainda mais as janelas, as portas, as frestas.
Tá na hora.
E tem que ser agora.

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