quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Quarta-feira.


E tenho segurado firme o fio de nylon que tem me sustentato pela cintura... Ele me rasga a pele aos poucos, e isso dói mais ainda, o 'aos poucos'.
Quando sóbria, vejo e percebo as coisas como em filmes matemáticos, ou cálculos renais. Talvez eu sinta o cheiro do gás de cozinha, ou veja a sombra de uma mosca, romanticamente. Eu consigo bronzear meus sentidos com todo o temor que o sol não me causa, não encaixa em mim, na minha cor...
E não é que mesmo estando assim, medonhamente aguçada, ainda prevejo as fugas do clarão de meu quarto? E as batidas das janelas, medrosas e de gostos por vezes duvidáveis quanto ao sexo, quanto à cor do sexo.
Nada de travesseiros, mas o cansaço me reina. Meu corpo tem estado sólido nos pés, uma forma estranha de me gritar por socorro, eu diria.
Os olhos não dançam mais, e minhas olheiras estão sem fim... Mas meu corpo está pendendo. E não há sequer o que ser feito, eu preciso arrastá-lo por aí, aqui não podemos ficar tanto tempo!
A morte beira, e a vida está em seu balancinho de fim de tarde.

Jusqu'à demain!
Jusque-là, qui sait!

Um comentário:

  1. Sabe... eu acho que vc ainda vai carregar por muito tempo seu corpinho sexy por aí. Espero, anseio e desejo isso.

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