sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Nascendo definitivamente


E dentro de tudo que eu construi em mim, só me restam os restos de cabelos (bem menos negros, hoje), mãos sujas e ásperas, pés doídos, pele encharcada de choro e chuva. Me restam cores velhas de um arco-íris que mal completou-se. Restam-me ainda sóis de um abril que definitivamente fechou-se para e em mim. 
Eu já não caibo no número de outrem. O batom que sempre desejei usar, combina hoje, então, com meu sorriso não mais largo, monalístico sim!
As unhas, sempre roídas, descascam o esmalte agora vermelho sangue que insisto em repetir todas as sextas-feiras. 
Mudei o número dos sapatos, das calças e bermudas. Mudei meu codinome. Escuto outras músicas e outras vozes nestas. 
Sei que gosto de Beethoven, de Mozart. Sei também que conheço Toquinho, Tom Jobim, Chico Buarque. E como não idolatraria Elis Regina, Miúcha, Flávio Venturini? 
Quero mais bossa no meu pop rock (hoje já quase finado). Troquei os cds por Mp4 (e rádio UOL). Calcei novas meias nos calos e colei mais band-aids nos cortes de pêlos. Arranquei ervas daninhas que minhas falsas esperanças alcançaram. Arranquei toda e qualquer plantação de esperanças. Nada delas em mim vai balançar com o vento.
Soprei algumas risadas pelas loucuras que sonhei cometer. E creiam, eu estou saindo de meu útero agorinha, pois chega de ter de se reciclar, aprender o 'de novo', perdoar o 'de novo' e os 'de novos' dos 'de novo'...
Nascendo (pela única vez de hoje) tudo se manifestará melhor. E falei nascendo sem o 're' antes, ok?

E por onde começamos depois do corte umbilical?
Ah, o chororô!

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